Nesse domingo (10/07/2016), teremos o lançamento do livro Virtuose, em Virtuose, o escritor Alba Atróz constrói uma narrativa ousada, na qual desaparecem as fronteiras entre alta e baixa cultura, fronteiras estas que jamais deveriam ter existido. Explico-me: à primeira vista, o romance de Alba Atróz, parece se filiar àquilo que, a partir do final do anos 1990, convencionou-se chamar de literatura marginal, ou nova literatura marginal, posto que autores como Cacaso, Chacal e Torquato Neto, entre outros, também eram chamados de marginais nos anos 1970; entretanto, um olhar mais aguçado, permite afirmar que, embora Virtuose tenha pontos de contato com a literatura marginal, tais como a temática do cotidiano nas periferias e a injustiça social, extrapola também os limites de tal literatura e inova ao trazer diversas referências da chamada “alta cultura” para dentro da escrita: de Oscar Wilde a Kafka e Dostoiévski. Por outro lado, não faltam também referências à cultura popular, tais quais o desenho Manda-Chuva, o rap e o funk. Tal miscelânea se reflete também na linguagem do romance, a qual se constitui de uma mistura bem realizada, homogênea, entre o dialeto da periferia, repleto de gírias e concordâncias próprias e da mais culta linguagem. A prosódia de Alba Atróz, neste Virtuose, por vezes nos lembra a musicalidade de Proust, com seus longos parágrafos, sua sonoridade harmoniosa; mas aqui não se trata de um Proust aristocrata, ou melhor, parece-nos se tratar de um Proust das periferias, aristocrata da favela, mistura do autor de Em Busca do Tempo Perdido e do autor de Vida Loka, Mano Brown; sem contudo pender para um lado ou para o outro. Nisto consiste o novo, a originalidade; nisto consiste o modo único de escrever de Alba Atróz.
Onde: Casa de Cultura Raul Seixas
Rua Murmúrios da Tarde 211 ITAQUERA
Quando: 10/07/2016
Horário: 10h
